segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

cotidiano

Uma voz bem familiar dizia-me: “entra logo”. Não entendia o sentimento que me tomava. Talvez fosse o medo de encontrar com a verdade. De enfrentá-la frente a frente. Já havia estado ali antes. Tubo bem, não levantara a cabeça ainda – faltava-me coragem –. Mas tinha uma íntima certeza. Não era a primeira vez que passava por tudo aquilo. Sentei-me. Novamente uma voz muito familiar. A voz mais familiar possível iniciou os trabalhos. Dali em diante acusação e defesa revezavam-se. A voz era a mesma. A entonação não. Os ânimos estavam exaltados. Ainda não conseguia levantar meus olhos. A curiosidade consumia-me. O medo era mais forte. Ou será que era vergonha? Talvez, medo de sentir vergonha. Uma vergonha maior, mais profunda. Os argumentos eram os mais variados. Fortes e contundentes, me deixavam confuso. Muito confuso. Ora me sentia culpado, ora inocente. Não sabia como reagir. O turbilhão de emoções... Não dava pra mensurar. O silêncio daquela sala, de chão branco, doía, machucava. Buscava as justificativas. Todos ali buscavam. Por motivos diferentes, mas buscavam. O debate? O interminável debate ficaria por terminar. Ninguém estava certo! Fui parcialmente condenado. Parcialmente absolvido. Sempre é assim. Saí como cheguei, de cabeça baixa. E convicto que não seria a ultima vez que veria aquele alvo chão. Desculpe-me Sartre. O inferno somos nós mesmos. Espero da próxima vez enfrentá-lo de cabeça erguida. Esse é o pior tribunal de todos...

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